sábado, 10 de março de 2012

"METRÔ EM SÃO PAULO TEM PROBLEMAS CONSTANTES RECLAMAM USUÁRIOS; PRINCIPALMENTE. LINHA 4-aMARELA"

Metrô de SP: falhas e lotação ameaçam 'lua de mel' com a linha 4.











Usuários reclamam das paralisações da linha 4-Amarela. Foto: Aloisio Maurício/Terra
Usuários reclamam das paralisações da linha 4-Amarela
Foto: Aloisio Maurício/Terra

Embora conte com trens modernos e automáticos, a linha 4-Amarela do metrô de São Paulo é objeto de reclamações dos usuários afetados por panes ou presos em congestionamentos diários de pessoas nos horários de pico. Desde que foi inaugurada, em 2010, a linha já sofreu pelo menos oito paralisações, duas delas registradas entre o fim de fevereiro e o inicio de março.
Por dia, cerca de 550 mil passageiros utilizam a linha amarela, que faz ligação com as linhas 2-Verde e 3-Vermelha do metrô, e com a linha esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Na falha mais grave registrada neste ano, ocorrida no último dia 29, uma pane elétrica paralisou a circulação de trens entre todas as estações por cerca de 40 minutos, o que prejudicou 16 mil pessoas - alguns passageiros chegaram a descer de um vagão e caminhar pelos trilhos.
"Ficamos dentro do metrô das 8h20 às 9h. Quase 30 minutos desse tempo estávamos sem luz nos vagões e menos ainda ar condicionado, ainda bem que os usuários abriram as portas, mas mesmo assim, eu e muitas outras pessoas passamos mal", contou a internauta Dayane Domingues, em relato enviado ao Terra.
Apenas dois dias depois, uma falha de comunicação entre os trens obrigou os passageiros de uma composição a trocar de vagão, entre as estações Faria Lima e Paulista. O problema durou poucos minutos, mas causou lentidão na linha no início da tarde.
"A linha é boa, mas não está livre de problemas. Eu já cheguei esperar uma hora e meia na estação de Pinheiros por um trem, até saber que estava com pane. Eles avisaram que havia um problema, mas você fica na esperança de voltar a funcionar", contou Flávio Sampaio, 42, que trabalha em uma empresa de informática e usa esse metrô todos os dias para trabalhar.
Coincidentemente, o problema mais grave ocorrido no ano ocorreu justamente no dia em que os deputados da Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) ouviam as explicações do presidente da ViaQuatro (empresa responsável pelas operações), Luiz Valença, sobre uma outra pane, ocorrida em outubro do ano passado, quando todas as estações da linha amarela ficaram fechadas por quatro horas logo no início das operações - horário de pico. Na ocasião, 75 mil usuários foram afetados.
"É normal que aconteçam problemas, mas chama a atenção o número de falhas em uma linha tão moderna, com trens e equipamentos novos. E, mais que isso, nos estranha o fato de a empresa não ter sofrido nenhuma penalidade até agora", disse o deputado estadual Gerson Bittencourt (PT-SP), membro da comissão que ouviu Valença.
Investimentos e penalizações

Na avaliação de Rogério Belda, diretor da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), é normal que ocorram falhas nessa fase, porém, os transtornos não podem gerar pânico nos usuários. "Não vejo como incomum, é o que chamamos de 'doença infantil', porque a linha é nova e leva-se tempo para adaptação, até mesmo para a relação entre Estado e concessionária. O que não pode ocorrer é deixar o passageiro sem informações, porque a desinformação leva medo, que se aumenta vira pânico e que termina em violência", analisa o dirigente.

Para Paulo Pasin, presidente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro), o fato de os trens operarem sem condutor faz com que os usuários fiquem mais tempo "no escuro" em caso de panes. "Ela a ViaQuatro está priorizando a redução de custos em detrimento da segurança", dispara o sindicalista.
Em nota, a assessoria do Metrô informou que existe um plano de contingência para lidar com situações adversas. "Metrô, CPTM e ViaQuatro já elaboraram e encontra-se em vigência o Plano de Estratégicas em Situações de Anormalidade entre CPTM, Metrô e ViaQuatro, que trata de situações de anormalidades no sistema metro-ferroviário", esclarece. O objetivo é evitar justamente que os usuários sejam prejudicados.
Porém, embora o contrato com o Estado preveja a "redução de remuneração" da concessionária em caso de falhas ou paralisação, nenhuma penalidade ainda foi imposta à ViaQuatro. Isso porque, o Estado concedeu um período de quase dois anos para que a empresa se "adaptasse" ao serviço. De acordo com a assessoria de imprensa do Metrô paulistano, a responsável pela linha 4-Amarela só poderá ser penalizada a partir de abril deste ano, e o contrato não prevê multas retroativas, referentes às panes passadas.
Lotação

Mas se por um lado as panes ocorrem com pouca frequência, por outro, a superlotação de usuários já é uma realidade da nova linha. O 
Terra percorreu algumas estações da linha 4-Amarela no horário de pico e, como já ocorre em outros trechos, encontrou vagões e plataformas lotados. Só para se ter uma ideia, devido ao enorme fluxo de pessoas, por volta das 18h30, o usuário gasta mais de 15 minutos para trocar de estações entre uma linha e outra (em um percurso que não deveria levar cerca de cinco minutos) - no caso, entre a estação Consolação (linha 2-Verde) e a estação Paulista (linha 4-Amarela). E, no percurso, não é difícil ouvir reclamações de usuários descontentes com a "romaria".

"Todo o dia é desse jeito. Eu levo mais tempo pra trocar de estações que dentro do próprio trem. Eu já cheguei a desistir da viagem e pegar a linha 1-Azul", diz a bancária Camila Clemente, 34 anos. "A linha amarela é ótima, mas fora de horário de pico. Olha isso, não tem como passar por isso todo dia, faz muito calor e não adianta ter pressa", desabafa a recepcionista Rita de Cássia.
O problema pega de surpresa quem não está acostumado a usar o trecho no horário de pico e, por isso, muitos usuários fotografam as filas e questionam os agentes que trabalham nas estações se houve algum problema. Para evitar acidentes, os agentes do metrô chegam desligar as escadas e esteiras rolantes na descida, para evitar um efeito "avalanche".
Em nota, o Metrô informou que a "a Gerência de Concepção de Projeto Civis está analisando diversas possibilidades para melhorar a distribuição de fluxo no corredor de integração das estações Consolação e Paulista". A empresa admitiu, porém, que a solução só virá com a ampliação da malha metroviária. "A solução definitiva só virá com a operação da Linha 5-Lilás que se integrará com a Linha 1-Azul, na estação Santa Cruz e com a Linha 2-Verde, na estação Chácara Klabin".
O especialista Peter Alouche, consultor de transportes especializado em tecnologia metroferroviária, também avalia que a superlotação é um problema cuja solução está longe. "Em longo prazo, a superlotação só irá diminuir com a finalização das novas linhas de metrô e de monotrilhos, o que deve ocorrer até 2016. Agora, em curto prazo, só há uma solução: o escalonamento de horário de chegada e saída dos funcionários das empresas. É fazer com que as empresas distribuam os horários para evitar a saída às 18h", aponta.
Na avaliação do especialista, porém, São Paulo precisa pensar em um "novo modelo de urbanização", que inclua, entre outras medidas, a construção do trem de alta velocidade. "Não adianta construir AlphaVille sem pensar em como os moradores irão se deslocar da casa pro trabalho".
Procurada pelo Terra, a ViaQuatro não quis se manifestar sobre nenhuma das reclamações ou falhas relatadas.
As paralisações
A linha 4-Amarela foi alvo de oito paralisações desde o início de suas operações. Veja:
24 de Agosto de 2010: uma queda de energia interrompeu as operações da linha por cerca de 50 minutos. Na ocasião, havia apenas um trem em movimento.
30 de Setembro de 2011: uma falha de comunicação entre trens e controle central paralisou as operações por cerca de 30 minutos.
3 de Outubro de 2011: maior pane já registrada na linha, quando os sistemas de sinalização dos trens paralisaram as operações por quatro horas, prejudicando 75 mil usuários.
5 de Outubro de 2011: um problema no sistema de sinalização do fechamento das portas em dois trens atrasou as operações à tarde. A falha foi solucionada após 50 minutos.
18 de Novembro de 2011: uma falha elétrica parou por cerca de 30 minutos a circulação de trens entre as estações Butantã e Luz, no início da manhã.
24 de Novembro de 2011: uma falha elétrica em um trem paralisou as operações da linha durante 40 minutos. A pane ocorreu no horário de pico, provocando caos nas estações.
29 de Fevereiro de 2012: pane elétrica interrompeu a circulação de trens por 40 minutos, no horário de pico. Cerca de 16 mil usuários foram afetados e passageiros de um vagão andaram pelos trilhos.
3 de Março de 2012: uma falha de comunicação entre centro de operações e trens interrompeu a circulação de um trem, entre as estações Faria Lima e Paulista. O problema foi solucionado em poucos minutos.







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***FRANCIS DE MELLO***

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