quarta-feira, 20 de junho de 2012

"A DEPUTADA FEDERAL ERUNDINA, NÃO É MAIS VICE DE FERNADO HADDAD"


Erundina critica Lula: 'fazer política com Maluf contamina'.














 





A deputada federal Luiza Erundina (PSB), que abdicou de ser vice de Fernando Haddad (PT) nas eleições pela prefeitura de São Paulo, criticou nesta quarta-feira a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à casa do deputado federal Paulo Maluf para firmar acordo com o PP. "Conviver com essa pessoa (Maluf) não dá. Muito menos fazer política com ele. Contamina. Ele contamina qualquer processo", afirmou Erundina.
"Você vai à residência da pessoa quando você tem amizade com ela, tem intimidade, tem respeito pela pessoa. Julgo muito sacrifício (o acordo com Maluf) por poucos minutinhos a mais de horário na TV. É importante o tempo de televisão, mas não a ponto de sacrificar a imagem, a história", sustentou a deputada, negando qualquer intenção de "julgar" Lula, que "deve ter suas próprias razões" para se aproximar de um adversário histórico. "Lula tem sensibilidade. Ele deve ter percebido o momento "fora" que ele deu, né?", acrescentou.
De acordo com a ex-prefeita de São Paulo, Haddad minimizou a possibilidade de Maluf se unir à campanha. "Eu já tinha dito a inconveniência que era a aliança com Maluf, e ele minimizou a importância da aliança", garantiu, após o ex-ministro da Educação ter afirmado que alertou a então pré-candidata a vice sobre as negociações com o PP.
"Eu e Maluf somos óleo e água. Eu até convivo com ele aqui na Câmara, ele é expansivo, aliás, expansivo até demais. Eu convivo bem com a figura, mas não com o político. Ele quer aparecer com outra forma, e não aquela em que é procurado pela Interpol. Ele se higieniza, né? Aparecer junto na imagem, comemorando", disse Erundina, segundo a qual o PT deu novo fôlego para Maluf. "Ele estava morto, só faltou enterrar. Ele tem preço, e só não fechou aliança com o outro lado porque não deram o que ele queria", o que, segundo ela, era a Secretaria de Habitação do Estado.



Foto-aliança com o ex-presidente Lula, o pré-candidato petista Fernando Haddad e o deputado federal Paulo Maluf (PP) não foi publicado no site do Instituto Lula 
Foto-aliança com o ex-presidente Lula, o pré-candidato petista Fernando Haddad e o deputado federal Paulo Maluf (PP) não foi publicado no site do Instituto Lula. 
A polêmica foto em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Paulo Maluf (PP-SP) aparecem apertando as mãos no quintal da casa do ex-prefeito de São Paulo na última segunda-feira gerou muitos desconfortos por parte dos militantes fervorosos do Partido dos Trabalhadores. Prova disso é que a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), ex-filiada ao PT e que já havia oficializado o apoio como candidata a vice-prefeita ao petista Fernando Haddad, desistiu de ser o braço direito do ex-ministro da Educação.
Apesar de o PP de Paulo Maluf fazer parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff no governo federal, a presença de Lula na casa de seu eterno adversário político causou grandes discussões e desconfianças até mesmo dentro do PT. Em entrevista ao Terra, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que está preocupado com os rumos dessa coligação e relembrou a disputa que teve com Maluf para prefeitura da capital paulista nas eleições de 1992, na busca pela sucessão de Luiza Erundina, então do PT. Na época, Maluf era filiado ao PDS, sucessor da Arena, uma das bases do regime militar brasileiro.
"Da forma como foi feita (a aliança) me preocupou bastante. Achei que a vinda da Erundina e do PSB foi uma excelente notícia, mas fiquei entristecido com o desfecho", afirmou Suplicy.
Adversários nas eleições municipais de 1992, Suplicy lembra alguns detalhes da campanha que colocou Maluf como prefeito de São Paulo pela segunda vez. Antes de suceder Erundina na capital paulista, o líder do PP já havia governado a cidade de 69 a 71, quando foi indicado pelo então presidente da República, general Costa e Silva, para assumir o cargo.
"Nos debates que tive com Maluf minha ênfase foi sempre social. Tive debates diretos e foram em um clima de respeito, mas sempre de divergências, que vinham desde o tempo que fui deputado estadual. Eu criticava severamente a forma como agia, tentando persuadir os que eram da oposição para votarem nele de uma maneira não adequada. Criticava métodos, prioridades e valores. Porém, ele procurava me tratar com muito respeito, conhecia meus irmãos, sempre perguntava como estava a Dona Filomena, minha mãe. Não me lembro dele ter feito críticas ofensivas a mim", lembrou Suplicy.
O senador lembrou histórias curiosas que aconteceram durante a campanha de 92 e gargalhou ao trazer à tona uma em específico envolvendo o então coordenador de sua campanha, Chico Malfitani, temido pela oposição por conta do sucesso na disputa de 88 ao lado de Luiza Erundina, que saiu vitoriosa no pleito.
"Reuniram-se Erundina, Lula, (José) Dirceu e todo o diretório e todos disseram a mim que o Maluf estava forte em São Paulo e que eu era o melhor entre nós no momento. No segundo turno, surgiram divergências com Chico Malfintani e os atritos foram de tal ordem que o Chico saiu. Então o Duda Mendonça, responsável pela campanha do Maluf, disse que quando souberam que o Chico tinha saído, eles abriram uma garrafa de champagne para comemorar", afirmou Suplicy. O petista lembrou ainda que Maluf venceu com o slogam "Nós não temos nada contra o Suplicy, mas não queremos o PT por aqui".
Quando questionado sobre sua relação com Maluf atualmente, Suplicy afirmou que não há muito contato entre o senador e o deputado federal, "apenas cumprimentos". "Não me lembro nem de ter o telefone dele. Não costumo dialogar com ele na minha vida política e não tenho razões de conviver com Paulo Maluf. Tenho amizade com pessoas que tenho afinidade. Eu acho que o Paulo Maluf pode ter tido pontos positivos, mas em geral as suas prioridades como prefeito, governador e os métodos de governos são muito diferentes das que eu defendi em toda a minha vida", completou.















***FRANCIS DE MELLO***

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