Dirigentes do PT paulistano acreditam que a falta de atitude da presidente Dilma Rousseff para contemplar o PR com mais espaço no governo federal foi determinante para que o partido apoiasse José Serra à Prefeitura de São Paulo. A legenda do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (AM) encerrou as negociações com o petista Fernando Haddad e anunciou apoio a Serra na tarde de segunda-feira (4), como adiantou Terra Magazine.
"Desde a saída de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes, no ano passado, o PR reivindica mais espaço no governo, mas Dilma não deu cargo nem no primeiro nem no segundo escalão, e isso complicou nossa situação para negociar em São Paulo. Chegou um momento que não tinha mais jeito", afirmou um dos integrantes da coordenação da campanha de Haddad.
O presidente municipal do PT e coordenador-geral da campanha petista, vereador Antonio Donato, minimiza uma possível "culpa" de Dilma Rousseff. "A presidente não irá misturar eleições com o governo dela, ao contrário de Gilberto Kassab (PSD) e Geraldo Alckmin (PSDB)", explicou Donato. "Recebemos com naturalidade a notícia de que o PR fechou com o Serra", finalizou o petista.
O acordo entre PR e PSDB foi selado na noite de domingo (3) e logo passado, por telefone, para Donato. Em São Paulo, a bancada de vereadores do PR é de oposição a Kassab, um dos principais apoiadores de Serra. Em âmbito nacional, o partido é da base do governo da presidente Dilma.
Agora, dizem petistas, o movimento cria um "desconforto" para os vereadores do PR e marca a passagem definitiva para a oposição do grupo do deputado Valdemar Costa Neto, réu no processo do Mensalão e um dos o principais articuladores da aliança entre PR e Serra.
Tempo de TV
Segundo o coordenador de comunicação da campanha de Fernando Haddad, vereador José Américo, o fato de o PR ficar fora da chapa petista "não será uma perda determinante". Apesar dos cerca de 1 minuto e 35 segundos que o PR tem direito na propaganda eleitoral gratuita, José Américo diz que o PT tem "tempo suficiente para fazer campanha".
Os petistas já dão como certa a aliança com o PSB e o PCdoB. Caso esses partidos integrem mesmo a chapa de Haddad, o tempo de TV estimado para o PT pode chegar a seis minutos, sendo quatro e meio do PT, um do PSB e meio do PCdoB. Aliado ao PR, Serra deverá ter o maior tempo no horário eleitoral, com pouco mais de oito minutos.